De Volta é uma coluna (seção) que faz a
retrospectiva de matérias que já foram postadas no blog. A escolha do post que
deve voltar e feita pela equipe de redação numa votação democrática. Se você
leitor quer opinar sobre a próxima matéria que mereça estar de volta, por
favor, não se acanhe opine você (leitor) é quem faz o blog.
Por unanimidade De
Volta reapresenta
o entusiasta e pai do ano Pedro Rajão.
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Pedro Rajão |
A cena carioca cultural ganha mais um forte aliado que agita a cidade
maravilhosa. Sim, o jovem que se multiplica em seis atividades e ainda
conserva um enorme sorriso estampado no rosto. Vocês irão fazer Imediatos Contatos com o
entusiasta; Pedro Gomes Rajão.
Imediatos Contatos - O que você
faz atualmente?
Tradutor, professor de inglês,
pesquisador de música africana, DJ, produtor, guia de turismo informal (um
pouco de tudo)
Imediatos Contatos – Curiosidade
sobre o seu nome Rajão. Qual é a origem?
Rajão é meu sobrenome por parte de
pai, vem lá de Póvoa de Varzim, Portugal. Rajão é uma viola da Ilha da Madeira,
similar a um ukelele (cavaco havaiano) Não sei exatamente qual foi o processo pra
adoção do nome, se eram artesãos de rajões ou se foram novos cristãos ao
chegarem no Brasil.
Imediatos Contatos – Qual período esta cursando na
faculdade?
Um período bem avançado. Minha vida
acadêmica é pautada por flertes com outros cursos, pausas, trancamentos, idas e
vindas pra outras universidades.
Imediatos Contatos – Formado em
Letras que caminho irá seguir?
Eu não tenho a mínima idéia. Estou
dirigindo e produzindo meu primeiro documentário, sou sócio de uma empresa de
tradução, dou aulas de inglês e português para estrangeiros até hoje, faço
bicos como guia, produzo eventos de música. Meu plano é convergir cultura e
obras sociais sem clichê. Sem glamorização da favela. Parar com essa lógica
filantrópica insuportável que se tem no Brasil.
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Exposição ANIKULAPO – exposição fotográfica de Micael Hocherman do processo de produção do documentário longa-metragem ANIKULAPO, dirigido por Pedro Rajão (RJ) e filmado entre Brasil e Nigéria |
Imediatos Contatos – Há algum
link artístico entre Letras e o som que você toca?
Há inúmeros links artísticos, mas
sinceramente não exploro, conscientemente, esse paralelo no meu trabalho.
Imediatos Contatos – Por que tocar música
africana?
Música africana já é uma nomenclatura
complicada. Você diria que o samba é africano? Que o calipso é africano? Que o
blues é africano?
Pois bem, posso dizer que todos são.
Todos foram criados por negros que fundiram elementos colonizadores e/ou
nativos à essência de sua música.
Pois bem, é um fato que a música
criada no continente negro não tem a mesma exposição e alcance que esses
gêneros e, sinceramente, ainda não me deparei com nada mais apaixonante até
hoje.
É orgânico, é áspero, é
repetitiva(quase sempre). É uma hipnose percussiva que te vicia.
A questão da diáspora na música é
algo que me fascina cada vez mais. O negro escravizado levou sua música para as
Américas e Europa, lá a fundiu a outras influências e se fez uma nova criação,
esta que voltou a África nos anos 60 e 70 e se transformou numa terceira
criatura que retornou pras Américas e Europa e esse ciclo não para. Imagine o
quanto se gravou nos mais de 55 países africanos em todas essas décadas e que
jamais ouvimos falar.
Quem pesquisa de fato pode descobrir,
todo dia, algum disco perdido com uma riqueza de ritmos, percussão, cantos e
linha melódica impressionantes.
Tocar música africana, principalmente
no Brasil, é uma afirmação. É minha obrigação como artista e como alguém que
teve acesso a tanta criolice musical, repassar essa herança.
Imediatos Contatos – Quais os
artistas (musicais) estão no seu playlist?
É óbvio demais falar que toco Fela
Kuti e seus filhos Seun e Femi. Toco muito Peter King, Ebo Taylor, Orquestre
PolyRythmo de Cotonou, Mulatu Astatqe, Manu Dibango, Kokolo, Hugh Masekela,
Knono no 1, Geraldo Pino. Mas também toco muita música brasileira, toco Gil,
toco Martinho, Di Melo, Jorge Bem, Noriel Vilela, Marku Ribas.
Imediatos Contatos – Sei
que você toca no restaurante* Yorùbá tem outro point (lugar) que você toca?
Eu sempre digo que sou um DJ freela.
Toco em muitas festas como convidado. Toco sempre na festa Confraria do Som.
Sempre fico entre Lapa, Santa Teresa e Centro mas alguns projetos na Zona Norte
estão começando a pipocar.
Imediatos Contatos – No bate papo informal que
tivemos você comentou sobre o documentário que vem produzindo sobre Fela Kuti.
Como esta o projeto?
Está a mil por hora. Estou terminando
o teaser para captar patrocínio e finalmente atravessar o Atlântico. Hei de
terminar o documentário, ainda esse ano, na Nigéria.
Imediatos Contatos – Há outros
projetos?
São tantos que me atrapalho,
inclusive. Estou ligado à produção de curta-metragens, projetos sócio-culturais
e festivais mas, no momento, o meu documentário sobre o afrobeat é o que mais priorizo.