sexta-feira, 2 de março de 2012

6x Pedro.

A cena carioca cultural ganha mais um forte aliado que agita a cidade maravilhosa. Sim, o jovem que se multiplica em seis atividades e ainda conserva um enorme sorriso estampado no rosto. Vocês irão fazer Imediatos Contatos Cultural  com o entusiasta; Pedro Gomes Rajão.

Imediatos Contatos -Idade ?
 25


Imediatos Contatos - O que você faz atualmente?
Tradutor, professor de inglês, pesquisador de música africana, DJ, produtor, guia de turismo informal (um pouco de tudo)

Imediatos Contatos – Curiosidade sobre o seu nome Rajão. Qual é a origem?
Rajão é meu sobrenome por parte de pai, vem lá de Póvoa de Varzim, Portugal. Rajão é uma viola da Ilha da Madeira, similar a um ukelele (cavaco havaiano) Não sei exatamente qual foi o processo pra adoção do nome, se eram artesãos de rajões ou se foram novos cristãos ao chegarem no Brasil.

Imediatos Contatos – Qual período esta cursando na faculdade?
Um período bem avançado. Minha vida acadêmica é pautada por flertes com outros cursos, pausas, trancamentos, idas e vindas pra outras universidades.

Imediatos Contatos – Formado em Letras que caminho irá seguir?
Eu não tenho a mínima idéia. Estou dirigindo e produzindo meu primeiro documentário, sou sócio de uma empresa de tradução, dou aulas de inglês e português para estrangeiros até hoje, faço bicos como guia, produzo eventos de música. Meu plano é convergir cultura e obras sociais sem clichê. Sem glamorização da favela. Parar com essa lógica filantrópica insuportável que se tem no Brasil.

Imediatos Contatos – Há algum link artístico entre Letras e o som que você toca?
Há inúmeros links artísticos, mas sinceramente não exploro, conscientemente, esse paralelo no meu trabalho.

Imediatos Contatos – Por que tocar música africana?
Música africana já é uma nomenclatura complicada. Você diria que o samba é africano? Que o calipso é africano? Que o blues é africano?
Pois bem, posso dizer que todos são. Todos foram criados por negros que fundiram elementos colonizadores e/ou nativos à essência de sua música.
Pois bem, é um fato que a música criada no continente negro não tem a mesma exposição e alcance que esses gêneros e, sinceramente, ainda não me deparei com nada mais apaixonante até hoje.
É orgânico, é áspero, é repetitiva(quase sempre). É uma hipnose percussiva que te vicia.
A questão da diáspora na música é algo que me fascina cada vez mais. O negro escravizado levou sua música para as Américas e Europa, lá a fundiu a outras influências e se fez uma nova criação, esta que voltou a África nos anos 60 e 70 e se transformou numa terceira criatura que retornou pras Américas e Europa e esse ciclo não para. Imagine o quanto se gravou nos mais de 55 países africanos em todas essas décadas e que jamais ouvimos falar.
Quem pesquisa de fato pode descobrir, todo dia, algum disco perdido com uma riqueza de ritmos, percussão, cantos e linha melódica impressionantes.
Tocar música africana, principalmente no Brasil, é uma afirmação. É minha obrigação como artista e como alguém que teve acesso a tanta criolice musical, repassar essa herança.

Imediatos Contatos – Quais os artistas (musicais) estão no seu playlist?
É óbvio demais falar que toco Fela Kuti e seus filhos Seun e Femi. Toco muito Peter King, Ebo Taylor, Orquestre PolyRythmo de Cotonou, Mulatu Astatqe, Manu Dibango, Kokolo, Hugh Masekela, Knono no 1, Geraldo Pino. Mas também toco muita música brasileira, toco Gil, toco Martinho, Di Melo, Jorge Bem, Noriel Vilela, Marku Ribas.

Imediatos Contatos –  Sei que você toca no restaurante* Yorùbá tem outro point (lugar) que você toca?  
Eu sempre digo que sou um DJ freela. Toco em muitas festas como convidado. Toco sempre na festa Confraria do Som. Sempre fico entre Lapa, Santa Teresa e Centro mas alguns projetos na Zona Norte estão começando a pipocar.

Imediatos Contatos – No bate papo informal que tivemos você comentou sobre o documentário que vem produzindo sobre Fela Kuti. Como esta o projeto?
Está a mil por hora. Estou terminando o teaser para captar patrocínio e finalmente atravessar o Atlântico. Hei de terminar o documentário, ainda esse ano, na Nigéria.

Imediatos Contatos – Há outros projetos?
São tantos que me atrapalho, inclusive. Estou ligado à produção de curta-metragens, projetos sócio-culturais e festivais mas, no momento, o meu documentário sobre o afrobeat é o que mais priorizo.