foto: Brunno Range |
Nome: Oscar Fabião
Idade: 24 anos.
Imediatos Contatos- Quando você percebeu seu
talento como ator?
Oscar- É engraçado falar sobre isso, talento. Ainda
mais do nosso próprio talento. Acho que nunca parei pra perceber meu talento.
Quando criança brincando, talvez?
I.C- Da onde vem à inspiração para atuar?
I.C- Da onde vem à inspiração para atuar?
Oscar- Minha inspiração vem do cotidiano. Das coisas
pequenas das pessoas, das inúmeras histórias que acontecem no mundo, na
complexidade das relações e da mente humana. Tudo pode ir do trágico ao cômico.
Oscar- Meu primeiro
personagem foi em uma apresentação de final de ano na 7ªsérie do Ensino
Fundamental e era uma coisa coletiva, um coro. Agora, personagem mesmo eu tenho
dois que me marcaram, como processo e aprendizado, que foram o menino Tom da
peça “Esta propriedade está condenada” de Tennesse Williams, e o Serginho de
“Toda Nudez Será Castigada”, do nosso incrível Nelson Rodrigues. Fora do
ambiente estudantil o adolescente Pierre, um menino de rua francês da peça “O
Teatro da Grande Marionete”, de Gustavo Bicalho, com a Artesanal Cia de Teatro.
I.C- Como surgiu o convite para participar da novela “Caminho das Índias”?
Caminho das Índias/Carolina Oliveira e Oscar Fabião. |
I.C- Depois disso surgiram outros
convites para atuar em novelas?
Oscar- Depois fiz teste para outras novelas, fui
convidado a participar de Malhação e da série Clandestinos- O Sonho começou.
I.C- Recentemente você estava em cartaz com uma peça. Fala-nos um pouco do processo.
Elenco "Pop Kamikaze" |
Em cena no espetáculo "Pop Kamikaze" |
I.C- O que ainda faz você persistir na
carreira?
Oscar- A carreira de ator realmente não é fácil
enquanto se está “procurando um lugar ao Sol”. Aquele momento entre um trabalho
e outro é extremamente angustiante. O importante do ator é não parar, seja
aprendendo alguma coisa nova ou aprofundando o conhecimento, seja investindo em
algum projeto. Manter a engrenagem girando é o que não deixa a máquina parar. E
não se deixar cair na insegurança. Muitas vezes em que me sentia em dúvida,
alguma coisa ou alguém aparecia e me mostrava que essa era minha profissão,
essa era parte da minha essência. Hoje não tenho mais dúvida disso. Eu creio em
uma energia maior, um Deus, e vejo isso muitas vezes como intervenção divina.
I.C- Conhecendo
seu talento que se expande também no canto. Tem vontade de participar de um
musical ou até mesmo ingressar na carreira de cantor solo?
Oscar- Tanto tenho vontade que estou me preparando
para tal. Não adianta apenas ter vontade, tem de se estar pronto para as
oportunidades. Não basta cantar bem, existe uma técnica, tem que saber cantar.
A voz tem sua musculatura e precisa ser exercitada, melhorada. E a dança é algo
extremamente lindo quando se assiste, e quando você não está envolvido com isso
não se tem ideia do quão trabalhoso, de quanto treino é necessário para que se
chegue a um movimento que visualmente parece até simples. A arte não pode ser
menosprezada em nenhuma de suas vertentes. Quero sim fazer musical, e quero
mostrar um trabalho muito bem feito quando chegar a oportunidade. Quanto à
carreira como cantor, pode ser considerada um sonho sim. Mas compor uma banda
com ideias parecidas de som, de proposta, não é tão fácil. Vi no musical uma
oportunidade de trabalhar com duas paixões minhas, e a expansão desse gênero em
nosso cenário cultural é realmente empolgante.
I.C- Quais são seus autores (dramaturgos)
preferidos?
Oscar- Gosto muito dos clássicos do realismo como
Anton Tcheckov, Henrik Ibsen e Tennessee Williams. Acho muito divertido Nelson
Rodrigues, e as várias maneiras que ele pode ser interpretado, como trágico, cômico,
irônico... O visceral Plínio Marcos também. Sinto que tenho muito ainda o que
ler. Nas telenovelas gosto muito de Gilberto Braga, Sílvio de Abreu, João
Emanuel Carneiro (sou fã de “A Favorita”), Glória Perez. Existe agora também
uma leva muito interessante de novos autores, como Jô Bilac e Rodrigo Nogueira.
O importante é que jovens autores continuem escrevendo e criando, sem medo de
críticas ou comparações com os grandes. É necessário o incerto, o diferente
para que não fiquemos na mesmice.
I.C- Se não fosse ator seria?
“Obrigada Por Me Deixar Assim” |
I.C- O que gostaria de interpretar no
teatro, cinema ou na tevê?
Oscar- Eu não tenho isso muito certo. Acho que se
fosse há um tempo eu diria Trepliov de A Gaivota. A verdade é que eu descobri
que cada personagem me completa de uma maneira, e eu aprendo muito com cada um
deles. Gosto quando vejo que eles me escolhem, e não que eu os escolho. Todos
os personagens que interpretei acabaram interferindo em minha vida, e é esse o
fato mais lindo da minha profissão, poder viver várias vidas em uma. Não quero ter uma ideia
premeditada de um personagem. Quero estar limpo, pronto e bem preparado para
recebê-lo.
I.C- Quais são
os seus projetos artísticos?
Oscar- Nesse momento estou tendo aulas de dança, canto
e aprimorando minha interpretação. O teatro musical está em meus planos. Atuei
em dois curtas recentemente e o universo do cinema me interessa muito.
I.C- Com quem você gostaria de atuar?
Oscar- Outra pergunta difícil. Temos vários talentos. Bom
é contracenar com atores generosos, que há a troca, o jogo, que são abertos
para ouvir o outro em
cena. Recentemente, por exemplo, tive o prazer de atuar em um
curta com uma colega minha que já havíamos estudado juntos, mas nunca
contracenado, e foi uma delícia. Tenho o sonho de poder aprender com grandes
atores, que já tem uma carreira consolidada e longa, são referências, sempre me
encantam e surpreendem em seus trabalhos, como Lília Cabral, Osmar Prado e
Fernanda Montenegro.
I.C- Oscar Fabião por Oscar Fabião?
Oscar- Um cara perfeccionista, que ama a família. Uma
pessoa intensa.
*Entrevista gentilmente cedida por email.