quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Perfil de Oscar Fabião// Alça vôo na cena artística.



foto: Brunno Range
O nome Fabião rima muito bem com a nobre ave rapina Falcão. Porém o significado vai além. Nosso entrevistado tem qualidades que fazem jus ao sobrenome Fabião “Significado do nome Fabião - Sua marca no mundo!Amoroso, responsabilidade, franqueza, facilidade de adaptação e serenidade.”Seu mais recente trabalho no teatro, “Pop Kamikaze” usava a estética com ares de anime (mangá, quadrinhos japonês) sua personagem era um adolescente de 16 anos vítima de bullying; com dois curta metragem e a vertente no canto cada dia mais evidente. Toda sua determinação Eu sempre quis ser atornos estimula conhecer um pouco mais a carreira desse jovem ator em ascensão. Confira! 

Nome: Oscar Fabião

 Idade:  24 anos.


Imediatos Contatos- Quando você percebeu seu talento como ator?
 Oscar- É engraçado falar sobre isso, talento. Ainda mais do nosso próprio talento. Acho que nunca parei pra perceber meu talento. Quando criança brincando, talvez?

 I.C- Da onde vem à inspiração para atuar?

Oscar- Minha inspiração vem do cotidiano. Das coisas pequenas das pessoas, das inúmeras histórias que acontecem no mundo, na complexidade das relações e da mente humana. Tudo pode ir do trágico ao cômico.

“Ménage à Trois”
I.C - Qual foi seu primeiro personagem no teatro?

Oscar- Meu primeiro personagem foi em uma apresentação de final de ano na 7ªsérie do Ensino Fundamental e era uma coisa coletiva, um coro. Agora, personagem mesmo eu tenho dois que me marcaram, como processo e aprendizado, que foram o menino Tom da peça “Esta propriedade está condenada” de Tennesse Williams, e o Serginho de “Toda Nudez Será Castigada”, do nosso incrível Nelson Rodrigues. Fora do ambiente estudantil o adolescente Pierre, um menino de rua francês da peça “O Teatro da Grande Marionete”, de Gustavo Bicalho, com a Artesanal Cia de Teatro.



I.C- Como surgiu o convite para participar da novela “Caminho das Índias”?
Caminho das Índias/Carolina Oliveira e Oscar Fabião.
Oscar- Aconteceu de forma inesperada mesmo, bem aquela coisa de se estar no lugar certo na hora certa. Tinha ido ao projac, pois estava em processo de seleção para o “Por toda minha vida” do Cazuza. O produtor de elenco da novela, Daniel Berlinsky, me viu andando por lá e se lembrou de mim, já havia feito teste com ele para outra novela. Ligou-me, disse que tinha uma participação na novela e que havia possibilidade de continuar. Minha primeira cena eu apenas acenava para Carolina Oliveira e entrávamos na Lan House.

I.C- Depois disso surgiram outros convites para atuar em novelas?
Oscar- Depois fiz teste para outras novelas, fui convidado a participar de Malhação e da série Clandestinos- O Sonho começou.


 I.C- Recentemente você estava em cartaz com uma peça. Fala-nos um pouco do processo.
Elenco "Pop Kamikaze"
Em cena no espetáculo "Pop Kamikaze"
Oscar- Voltada ao público adolescente, Pop Kamikaze tem a estética de animes. Meu personagem era um adolescente solitário de 16 anos, vítima de bullying e que sonhava em ser um rock star, pois achava que assim seria aceito. A história é inspirada em Jamey Rodemeyer, um adolescente americano que cometeu suicídio. Ele postava vídeos no youtube que também serviram como fonte de pesquisa. Procurei matérias e histórias sobre suicídios motivados por bullying ou homofobia, assisti a vários vídeos de punks, roqueiros como Iggy Pop. Tive preparação vocal com Carol Futuro, que acabou continuando em minha vida como professora de canto; aulas de corpo para uma atitude e postura mais Oriental com Lindon Shimizu; aulas de Kenjutsu, que é a técnica japonesa de luta com espadas com o mestre Hélio Kenzo Dino; tive uma imersão maior no mundo do facebook e mais ainda no mundo adolescente da rede social, como memes, virais... Vi muitas coisas absurdas que existem na televisão japonesa. Trabalhamos também com máscaras faciais inspiradas em personagens famosos no facebook como o LOL, o Forever Alone, o Troll... Foi realmente uma experiência enriquecedora para mim em um todo como artista, cantar com banda ao vivo no palco, mergulhar em um mundo que ao mesmo tempo é tão colorido e vivo como o mundo adolescente, mas por uma ótica extremamente solitária, de quem assiste a tudo isso sem fazer parte.

I.C- O que ainda faz você persistir na carreira?
Oscar- A carreira de ator realmente não é fácil enquanto se está “procurando um lugar ao Sol”. Aquele momento entre um trabalho e outro é extremamente angustiante. O importante do ator é não parar, seja aprendendo alguma coisa nova ou aprofundando o conhecimento, seja investindo em algum projeto. Manter a engrenagem girando é o que não deixa a máquina parar. E não se deixar cair na insegurança. Muitas vezes em que me sentia em dúvida, alguma coisa ou alguém aparecia e me mostrava que essa era minha profissão, essa era parte da minha essência. Hoje não tenho mais dúvida disso. Eu creio em uma energia maior, um Deus, e vejo isso muitas vezes como intervenção divina.

I.C- Conhecendo seu talento que se expande também no canto. Tem vontade de participar de um musical ou até mesmo ingressar na carreira de cantor solo?
Oscar- Tanto tenho vontade que estou me preparando para tal. Não adianta apenas ter vontade, tem de se estar pronto para as oportunidades. Não basta cantar bem, existe uma técnica, tem que saber cantar. A voz tem sua musculatura e precisa ser exercitada, melhorada. E a dança é algo extremamente lindo quando se assiste, e quando você não está envolvido com isso não se tem ideia do quão trabalhoso, de quanto treino é necessário para que se chegue a um movimento que visualmente parece até simples. A arte não pode ser menosprezada em nenhuma de suas vertentes. Quero sim fazer musical, e quero mostrar um trabalho muito bem feito quando chegar a oportunidade. Quanto à carreira como cantor, pode ser considerada um sonho sim. Mas compor uma banda com ideias parecidas de som, de proposta, não é tão fácil. Vi no musical uma oportunidade de trabalhar com duas paixões minhas, e a expansão desse gênero em nosso cenário cultural é realmente empolgante.
 “O Teatro da Grande Marionete”
I.C- Quais são seus autores (dramaturgos) preferidos?
Oscar- Gosto muito dos clássicos do realismo como Anton Tcheckov, Henrik Ibsen e Tennessee Williams. Acho muito divertido Nelson Rodrigues, e as várias maneiras que ele pode ser interpretado, como trágico, cômico, irônico... O visceral Plínio Marcos também. Sinto que tenho muito ainda o que ler. Nas telenovelas gosto muito de Gilberto Braga, Sílvio de Abreu, João Emanuel Carneiro (sou fã de “A Favorita”), Glória Perez. Existe agora também uma leva muito interessante de novos autores, como Jô Bilac e Rodrigo Nogueira. O importante é que jovens autores continuem escrevendo e criando, sem medo de críticas ou comparações com os grandes. É necessário o incerto, o diferente para que não fiquemos na mesmice.

I.C- Se não fosse ator seria? 
Obrigada Por Me Deixar Assim”
Oscar- Sabe que vária vez me fez essa pergunta? Ainda não consegui chegar a uma profissão... Pensei nas profissões consideradas mais “seguras” como medicina, direito... Mas sempre me via em um futuro que não me traria felicidade. Talvez cineasta, roteirista, cantor... Roteiro é uma coisa muito legal e que eu ainda vou estudar.

I.C- O que gostaria de interpretar no teatro, cinema ou na tevê?
Oscar- Eu não tenho isso muito certo. Acho que se fosse há um tempo eu diria Trepliov de A Gaivota. A verdade é que eu descobri que cada personagem me completa de uma maneira, e eu aprendo muito com cada um deles. Gosto quando vejo que eles me escolhem, e não que eu os escolho. Todos os personagens que interpretei acabaram interferindo em minha vida, e é esse o fato mais lindo da minha profissão, poder viver várias vidas em uma. Não quero ter uma ideia premeditada de um personagem. Quero estar limpo, pronto e bem preparado para recebê-lo. 


I.C- Quais são os seus projetos artísticos?
Oscar- Nesse momento estou tendo aulas de dança, canto e aprimorando minha interpretação. O teatro musical está em meus planos. Atuei em dois curtas recentemente e o universo do cinema me interessa muito.

I.C- Com quem você gostaria de atuar?
Oscar- Outra pergunta difícil. Temos vários talentos. Bom é contracenar com atores generosos, que há a troca, o jogo, que são abertos para ouvir o outro em cena. Recentemente, por exemplo, tive o prazer de atuar em um curta com uma colega minha que já havíamos estudado juntos, mas nunca contracenado, e foi uma delícia. Tenho o sonho de poder aprender com grandes atores, que já tem uma carreira consolidada e longa, são referências, sempre me encantam e surpreendem em seus trabalhos, como Lília Cabral, Osmar Prado e Fernanda Montenegro.

I.C- Oscar Fabião por Oscar Fabião?
Oscar- Um cara perfeccionista, que ama a família. Uma pessoa intensa.



*Entrevista gentilmente cedida por email.